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Atualmente existem 896,9 mil pessoas indígenas no Brasil, segundo dados do Censo 2010. Metade desta população é constituída por mulheres. Globalmente, as desigualdades de gênero determinam que as mulheres estejam em situação de vulnerabilidade no que diz respeito à sua saúde sexual e reprodutiva. Para as mulheres indígenas não é diferente. Neste grupo os desafios ainda são maiores em função do preconceito, da discriminação, da restrição do acesso à informação e aos serviços. Esses e outros entraves serão discutidos durante o evento “Mulheres Indígenas em ação de Prevenção as IST/Aids/Hepatites Virais e prevenção ao câncer de colo de útero e mama”, que ocorrerá entre 05 e 08 de outubro na Comunidade Indígena da Aldeia Santa Isabel do Morro, em São Felix de Araguaia (MT).

O evento, apoiado pelo UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, tem o objetivo de implementar uma estratégia de promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos entre mulheres indígenas, através de uma abordagem multiprofissional e diferenciada que contemple os aspectos socioculturais, incluindo a transmissão das informações na língua materna desta população. A meta das organizadoras é incidir na vida de ao menos 50% das mulheres indígenas dos estados de Tocantins e de Mato Grosso. A atividade, organizada pela Associação Indígena Ijylyhinã do Vale do Araguaia e o Conselho Nacional de Mulheres Indígenas, conta ainda com apoio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. A expectativa é que o evento conte com 400 participantes.

“Muitas vezes as mulheres deixam de utilizar os serviços de saúde e se tornam suscetíveis a inúmeras patologias transmitidas por seus parceiros, seja pelo desconhecimento de seu corpo ou desconhecimento de ações preventivas. Por viverem em comunidades em que a figura do homem as sobrepõe, existe uma fragilidade significante nas orientações em saúde, que por muitas vezes não contemplam e respeitam os aspectos socioculturais das mulheres indígenas”, destacou Eliana Karajá, Conselheira Nacional de Mulheres Indígenas (Conami).

A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos de Povos Indígenas destaca, no Artigo 24, que além do direito aos seus medicamentos tradicionais e a manter suas práticas de saúde, “as pessoas indígenas têm também direito ao acesso, sem qualquer discriminação, a todos os serviços sociais e de saúde”. E reconhece que esta população “tem direito, sem discriminação, a todos os direitos humanos reconhecidos no direito internacional, e que os povos indígenas possuem direitos coletivos que são indispensáveis para sua existência, bem-estar e desenvolvimento integral”.

Serão oferecidas no evento, oficinas sobre autoconhecimento e autocuidado; orientações sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/aids; orientações sobre os métodos de prevenção de câncer de colo de útero e mama, infecções sexualmente transmissíveis; realização de exame preventivo para câncer de colo de útero e autoexame de mama; orientações sobre a imunização para Hepatite B e para HPV; e por fim, será criado um material informativo na língua mãe voltado à prevenção dessas doenças para as indígenas.

Texto: Midiã Santana/ UNFPA Brasil