Você está aqui

Cerca de 360 pessoas, dentre academia, gestores públicos e organizações da sociedade civil acompanharam a discussão, ao vivo, que aconteceu no escopo de webinários semanais realizados pelo UNFPA em parceria com a ABEP

Durante o 4o webinário promovido pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais e o Fundo de População das Nações Unidas realizado na última quarta-feira (20), pesquisadores e ativistas discutiram o impacto da Covid-19 para os povos indígenas. Entre as constatações apresentadas estão o avanço da doença em regiões com presença de povos indígenas e também os obstáculos que as iniquidades, o racismo e a discriminação impõem para esses povos, os tornando mais vulneráveis nesse contexto de pandemia.  

Cerca de 360 pessoas acompanharam a discussão com transmissão ao vivo do canal do UNFPA Brasil no Youtube, e contou com a participação de Tsitsina Xavante, pesquisadora e defensora dos direitos dos povos indígenas, juventude e mulheres; Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista e escritor; Marta Antunes, coordenadora do GT povos e comunidades tradicionais do IBGE e Andrey Cardoso, médico e doutor em Saúde Pública da Fiocruz. A discussão foi moderada por Marta Azevedo, professora no Núcleo de Estudos de População ‘Elza Berquó’ da Universidade Estadual de Campinas (NEPO/Unicamp) e membro do Grupo de Trabalho  Demografia dos Povos Indígenas da ABEP.

Segundo Andrey Cardoso, médico e doutor em Saúde Pública da Fiocruz “cerca de 504 mil indígenas residem em municípios com alto risco imediato da Covid-19, sendo 76% em área urbana, o que corresponde a 246 mil, e 45% em área rural (257 mil). Com a disseminação da epidemia e a sua interiorização nas últimas duas semanas, houve um aumento de 21,5% no montante da população indígena residente em municípios de alto risco para a epidemia no país”.

Para a pesquisadora e defensora dos direitos dos povos indígenas, juventude e mulheres, Tsitsina Xavante, há um esforço maior dos próprios povos indígenas, comunidades e organizações indigenistas do que do Estado brasileiro através das suas organizações. “Temos a Política Nacional de Atenção à Saúde Indígena (PNASPI), mas esse subsistema só existe, porque existe o SUS, e este deveria atender toda a população independente de raça, cor e etnia, no entanto, quando chega a nós, povos indígenas, chega bem mais impactado.”

A fala da pesquisadora e ativista Xavante corrobora e é completada com a declaração feita pelo líder  indígena, ambientalista e escritor, Ailton Krenak. Para ele, "a pandemia não afeta a todos de forma igual. Algumas pessoas dizem que [o vírus] mata ricos, brancos, homens e mulheres, em qualquer lugar e que não discrimina gênero e nem classe. O vírus não discrimina, mas já existe uma pré-condição que discrimina, que é o fato de nós [indígenas] sermos historicamente atingidos por ações diretas e indiretas de racismo e impedimento do exercício das nossas autonomias.”

Para o enfrentamento à pandemia da Covid-19, o IBGE criou recentemente uma plataforma de dados com o objetivo de apoiar órgãos governamentais, representantes da sociedade civil e comunidades e organizações indígenas e quilombolas na gestão dos impactos da pandemia sobre estas populações. Segundo Marta Antunes, coordenadora do GT de povos e comunidades tradicionais do IBGE, “na plataforma, existem estimativas de localidade associadas a dados de 2010 que podem ajudar a pensar o enfrentamento à pandemia”. Acesse a plataforma clicando aqui.

Assista essa discussão na íntegra 

 

A cada semana, a série “População e Desenvolvimento em Debate” promovida por UNFPA e ABEP realizará discussões entre academia, governo e sociedade civil sobre temas emergentes na Agenda de População e Desenvolvimento aliado ao contexto atual. Na próxima edição, o série de webinários vai abordar sobre os desafios da assistência social no contexto da Covid-19.

______________________________

VOCÊ JÁ OUVIU O PODCAST "FALA, UNFPA"?

O Fundo de População das Nações Unidas no Brasil lançou o podcast "Fala, UNFPA" que aborda temas como saúde sexual e reprodutiva, equidade de gênero, raça e etnia, população e desenvolvimento, juventude, cooperação entre países do hemisfério sul e assistência humanitária. Tudo isso, claro, a partir de uma perspectiva de direitos humanos. Saiba mais clicando aqui.