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Maior participação e contribuição das várias juventudes é uma condição essencial para o êxito da nova agenda global de desenvolvimento para 2030, que apresenta no seu centro os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Essa é a opinião de lideranças e delegados(as) que participaram da 3ª Conferência Nacional da Juventude, realizada em Brasília no mês passado.   

Para Marcus Barão, da Confederação Nacional de Jovens Empreendedores do Brasil e membro do Conjuve, os novos ODS são uma evolução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e, assim como ocorreu antes, a juventude tem um papel ativo a desempenhar para o seu alcance. “Acredito que toda mudança positiva que aconteceu na história da humanidade foi realizada por uma geração inconformada com sua realidade, que teve a coragem de sonhar e principalmente a ousadia de agir. A agenda pós-2015 traz esperança, mas vai além, traz um chamado à juventude para que possa tomar posse do destino do nosso mundo, do nosso planeta, e transformar como temos guiado e pautado o desenvolvimento”, afirmou. Lembrando a frase “agir localmente, pensar globalmente”, Barão disse que a contribuição da juventude vai além da disseminação dos objetivos, metas e indicadores dos ODS, sendo fundamental na implementação, em nível local, do que foi acordado pela comunidade internacional.

Para ele, a 3ª Conferência Nacional da Juventude foi um marco histórico para as políticas públicas de juventude no Brasil pela sua diversidade, nível de mobilização e legitimidade.  “Quando vivemos um momento como o que encontramos na política e na economia do Brasil, mais uma vez a população jovem assume um papel de protagonista, (...) de agir na construção de uma sociedade melhor, mais sustentável, mais progressista, e que cresce envolvendo todas as classes nesse processo”.

Os e as jovens estão aptos a dar suas contribuições para a agenda 2030, assim como fizeram na agenda anterior dos ODMs, na visão de Silvino Mendonça, secretário Executivo do Forum Nacional de Juventude e População de Guiné Bissau. Para ele, as contribuições poderão ser maiores se houver melhores estratégias de participação. “Os jovens sempre estão em condições e ocupam uma faixa etária importante, onde se concentra toda a força, a energia e o dinamismo do ser humano; nessa idade jovem a pessoa vive com maior ambição de ver um mundo melhor, e nessas condições o futuro se faz, o jovem faz o futuro. A juventude está disposta a colaborar com os governos na implementação das políticas que visam a melhoria do mundo através, sobretudo, dessa agenda do desenvolvimento sustentável”.

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Tatiane dos Anjos, 27 anos, participante da 3ª. Conferência Nacional da Juventude e Marcus Barão, da Confederação Nacional de Jovens Empreendedores do Brasil 

Para Silvia Siqueira Campos, representante do Movimento Infanto-Juvenil de Reivindicação (Mirim Brasil) e do Fórum Latino-Americano e Caribenho de Juventudes (Flacj), a nova agenda dos ODS ajuda na discussão do conceito de desenvolvimento vigente e oferece uma oportunidade para influenciar no rumo das políticas públicas. “Hoje, no Brasil, temos várias agendas e isso dificulta muito a tomada de decisões. E aí temos esse boom demográfico juvenil que pode ocupar os espaços – e não os espaços ditos de juventude, como os conselhos de juventude, mas estar como juventude nos conselhos de meio ambiente, nos conselhos de direitos humanos, e aí, nesses espaços, disputar o conceito de desenvolvimento, trazer essa perspectiva da economia, do social e do ambiental juntos.”

A mesma visão é compartilhada por Tatiane dos Anjos, 27 anos, participante da 3ª. Conferência Nacional da Juventude. “Uma das formas das pessoas jovens contribuirem para o processo é participarem ativamente das discussões e dos projetos voltados para os 17 ODS. Os jovens precisam levar essa discussão para seus coletivos de base, ocupar espaços como os conselhos de juventude, pautar essa discussão, participar dos debates e levar para suas comunidades a grande importância do desenvolvimento sustentável. Essa importância se dá através da participação social da juventude”. Ela defendeu também que a juventude conheça mais e se aproprie melhor dos ODS, para que essa contribuição seja mais qualificada.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram aprovados por unanimidade em setembro de 2015 pelos 193 países-membros das Nações Unidas e substituirão os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que definiram a agenda global de desenvolvimento entre os anos 2000 e 2015.

Os 17 ODS têm 169 metas e demonstram a escala e a ambição da nova pauta universal, válida até 2030. A nova agenda de desenvolvimento pretende concretizar os direitos humanos de todas as pessoas, buscando avançar, a partir do legado dos ODMs, sem deixar ninguém para trás. O UNFPA trabalha para alcançar grande parte desses objetivos, com destaque para os ODS 3 (assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades), 4 (assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos), 5 (alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas), 10 (reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles) e 11 (tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis). 

 

Fotos e texto: Ulisses Lacava