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Adolescentes e pessoas jovens apresentaram, durante o último encontro da Roda das Juventudes Já, propostas a partir de suas vivências, subjetividades e estratégias de  gamificação, inteligência virtual, comunicação e jogos de tabuleiro

Por Guilherme Cruz

A primeira edição da Roda das Juventudes Já! mobilizou por meio de uma chamada pública 30 pessoas jovens e adolescentes de todas as regiões do Brasil para impulsionar propostas inovadoras que possam fazer frente às violências de gênero. O evento promovido pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) ocorreu entre 19 de outubro a 14 de novembro, e teve como resultado o fortalecimento de uma rede de lideranças jovens e a criação de cinco propostas com base nos compromissos firmados na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) e Cúpula de Nairóbi

A Roda das Juventudes Já! é uma das estratégias do UNFPA para o desenvolvimento de juventudes e adolescências na região, e teve como apoiadores a Oxfam Brasil, UNICEF, IYD Brasil, Plan Internacional, Terre des Hommes e Coletivo Não é Não.

A maratona de atividades incluiu oficinas lúdicas e formativas com base nos princípios do design thinking, webinários com especialistas, e desafios semanais abordando temas como interseccionalidade, criação de projetos, tipos de violências baseadas em gênero e masculinidades tóxicas.

“Essa roda girou de maneira intensa pela potência das juventudes que buscam transformação, hoje somos um grãozinho na transformação pessoal e coletiva deste grupo, e no que está por vir a partir desse movimento. O UNFPA conta com esse movimento e engajamento, e fica honrado de apoiar a potência dessa transformação que é para todos, todas e todes”, afirmou Júnia Quiroga, representante auxiliar do UNFPA.

Ao todo, foram elaboradas cinco propostas que tiveram como base a gamificação, inteligência virtual, plataforma de educação, comunicação digital e jogos de tabuleiro, mas principalmente as vivências e subjetividades das/dos participantes. 

A banca de avaliadores que selecionou as duas propostas que vão receber acompanhamento e investimento-semente foi formada por Tamila dos Santos, representante da hub de desenvolvimento Afroimpacto, Joana Fontoura, Oficial do Programa de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF, Ernesto Ferreira, que participa da IYD Brasil, Jonathan Azevedo, ator e cantor, e Júnia Quiroga, representante auxiliar do UNFPA.

A seleção considerou critérios como inovação, coerência, sustentabilidade, viabilidade, e as formas de impacto que a ação possa gerar. Uma das ideias selecionadas foi a criação de uma influencer virtual, denominada Luna Silva, para falar sobre direitos sexuais e reprodutivos. 

A proposta foi apresentada pelo grupo da ‘Roda das Vivencialidades’, Luna Silva é um perfil de uma mulher trans, preta, bissexual e estudante de teatro que com inteligência artificial responde aos seus seguidores dúvidas, alerta sobre fakes news e oferece dicas sobre educação sexual. 

“Temos o compromisso e a responsabilidade de oferecer uma informação qualitativa com uma comunicação de fácil acesso. Queremos resolver a falta de debates e os tabus que existem sobre a educação sexual, e as consequências dessa falta de informação. Pois, sabemos que a ausência da educação sexual pode acarretar várias violências no futuro”, projetou Danielle de Amaral Silva, 22 anos, que vive em Lajedo no Pernambuco, e faz parte da Roda das Vivencialidades.

O outro projeto selecionado combinou a criação de uma plataforma virtual e jogo de tabuleiro para levar o debate de enfrentamento de masculinidades tóxicas e relações de dominação para as escolas. O grupo, ‘Roda de Passinho’, apresentou a plataforma Inspirajovem com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, destacando Saúde e Bem-Estar, Educação de Qualidade, Igualdade de Gênero e Redução da Desigualdades.

A plataforma Inspirajovem prevê a criação de uma comunidade ofertando formações online, e um jogo lúdico que fortalece a participação social com informações de serviços de saúde nos territórios, alinhando educação sexual nas escolas e autonomia dos sujeitos. “Eu fico muito feliz em participar desse momento. Porque me inscrevi pensando em quebrar com a toxicidade dos homens. Eu tenho quatro irmãs, e eu queria construir soluções para problemas que vejo na minha casa. Nosso projeto quer ressignificar educando as crianças e adolescentes, crescendo para ser agentes transformadores do Brasil”, comentou Daniel Paixão, 19 anos, ativista comunitário, morador do município de Paulista no estado de Pernambuco, e um dos componentes da Roda do Passinho.

A atividade de encerramento foi uma celebração que contou com frevo, passinho, cordel, poema, ilustrações, e muitas formas de expressão da diversidade das juventudes. Uma das formas de demonstrar essa diversidade foi a produção de um vídeo manifesto lançado pelas/pelos participantes da Roda das Juventudes Já!.

No vídeo construído a muitas mãos e vozes se enfatiza os compromissos firmados pelo grupo em defesa de direitos como a necessidade de ocupar espaços políticos, e contra o racismo, machismo, transfobia, entre outras formas de violência. Essas ideias e projetos serão representados pelas/pelos jovens brasileiros e brasileiras em evento regional organizado pelo Escritório Regional do UNFPA para a América Latina e o Caribe (UNFPA/LACRO), que inicia dia 23 de novembro, e reúne 450 pessoas jovens da região para ampliar a discussão e o enfrentamento das violências de gênero

A Roda das Juventudes Já! faz parte da estratégia voltada para adolescentes e juventudes do UNFPA para impulsionar o desenvolvimento de competências e conhecimentos dessa população para uma vida saudável, produtiva e plena.

 

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