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No dia 25 de julho, próximo sábado, será comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Em função desta data, o Fundo de População da ONU (UNFPA), em parceria com a Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), promoveu, na última quarta-feira (22/07), sua 13ª edição da série de webinários, População e Desenvolvimento em Debate, em que especialistas foram convidadas para debaterem os impactos da Covid-19 na vida das mulheres negras.

A professora e pesquisadora quilombola, co-fundadora da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (Conaq) , Givânia Silva, fez a reflexão de que não é possível falar dos impactos do novo coronavírus na vida das mulheres negras e dos quilombolas sem falar sobre políticas públicas. Ela compartilhou que existem diversas barreiras dentro das instituições públicas para ser possível efetivar ações para esses grupos. "Estamos realizando o trabalho de monitoramento dos casos e óbitos de Covid-19 por conta própria e as mulheres quilombolas também tem um papel fundamental durante essa crise, produzindo máscaras a partir de tecidos antigos para o resto da população”, disse Givânia.

Fabya Reis, secretária Estadual de Promoção de Igualdade Racial do Estado da Bahia , observou que “essa crise sanitária, que tem vinculação com a economia, social e política, tem feito as mulheres negras pagarem uma conta muito maior”. Além disso, ela listou algumas das ações que a secretaria vem realizando para amenizar os impactos da Covid-19 na vida das mulheres, especialmente das mulheres negras e quilombolas, como criação de editais que estimulam o empreendedorismo entre essa população.

Gabi Oliveira, jornalista e Youtuber, fez uma análise da importância das narrativas de mulheres negras e mulheres indígenas na internet na atual situação da Covid-19. Ela compartilhou que, mesmo que o espaço digital tenha o intuito de ser para todos, não são todas as pessoas que têm acesso à internet. "Estamos conversando com um público bem específico quando falamos desse acesso. Majoritariamente, na região sudeste”, acrescentou a influenciadora digital. Dessa forma, Gabi acredita que existe a necessidade da criação de estratégias para alcançar esses públicos que não têm acesso e dar voz às suas narrativas.

Por sua vez, Jacqueline Gomes de Jesus, professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro, discutiu a situação da comunidade LGBTQI+, em especial mulheres negras, em tempos de pandemia da Covid-19. Ela identificou que mais de 6 mil pessoas no sistema de saúde não têm identificado sua cor/raça, o que dificulta futuras pesquisas sobre os impactos da Covid-19. Jaqueline finalizou dizendo que “a luta pelas vidas das mulheres negras, pela vidas das pessoas LGBTs, do nosso povo negro e do nosso povo indígena tem que ser levada a frente com extrema inteligência”.

A mediação do webinário foi realizada por Midiã Noelle, assistente de Programa no UNFPA Brasil.

Assista esse debate na íntegra

https://www.youtube.com/watch?v=9ClN2naj0Zk

A cada semana, a série “População e Desenvolvimento em Debate” promovida por UNFPA e ABEP realiza discussões entre academia, governo e sociedade civil sobre temas emergentes na Agenda de População e Desenvolvimento. Na próxima quarta-feira (22/07) o tema será:  “As epidemias na história”. Acompanhe no perfil do UNFPA no Youtube: youtube.com/unfpabrasil.