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“Eu estava muito receoso em me inscrever para esse estágio, mas eu decidi me permitir alcançar outros lugares, não só por mim, mas por quem veio antes”, disse Fábio Pereira, estagiário de População, Desenvolvimento e Cooperação Sul-Sul no Fundo de População das Nações Unidas no Brasil (UNFPA). Estudante de Geografia na Universidade de Brasília (UnB), Fábio é o primeiro da sua família a ingressar no ensino superior, uma vez que seus pais, moradores da Cidade Estrutural (Distrito Federal), se sustentavam por meio da reciclagem de resíduos sólidos de um dos maiores aterros sanitários da América Latina. 

Ele é um dos 11 estagiários que ingressaram no sistema das Nações Unidas por meio do Programa de Estágio Afirmativo do UNFPA no Brasil em 2019. Segundo o estudante, trabalhar na ONU parecia ser algo inalcançável. “Eu tenho aprendido que a diversidade de pessoas permite que a gente tenha uma maior qualificação. Por exemplo, quando vamos escrever um texto sobre pessoas trans e nós temos uma pessoa trans do lado, o trabalho se torna muito mais qualificado”, afirmou. 

Lançado em 2016, o Programa de Estágio Afirmativo consiste na formação de um time mais plural. O programa entende que o respeito à diversidade e a inclusão de afrodescendentes, LGBTI, indígenas, pessoas com deficiência e de baixa renda, entre outros grupos, são fundamentais para o enriquecimento profissional dos e das jovens. Com o objetivo de “não deixar ninguém para trás”, o programa também visa oferecer treinamento e uma experiência profissional imersiva no campo dos direitos humanos e de todos os elementos essenciais para que seja alcançado o acesso universal à saúde sexual, reprodutiva e os direitos.  


Lukas Resende e Jaqueline Oliveira compõem o time da Assistência Humanitária em Roraima (Foto: UNFPA Brasil/Yareidy Perdomo)

Ao encorajar a participação de jovens vindos de diversas esferas da sociedade, o UNFPA marca seu mandato como agência líder para questões de juventude. Para orepresentante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, o estágio afirmativo é uma grande conquista, tanto para o escritório do Fundo de População quanto para a outras agências das Nações Unidas. “Ter esses jovens mostrando todo o seu potencial e alcançando patamares mais elevados é muito gratificante e demonstra que estamos no caminho certo para alcançar a equidade de oportunidades”, diz Nadal. 

Rayanne França, de 27 anos, foi a primeira pessoa indígena a fazer parte do Programa de Estágio Afirmativo. Originária do povo Baré, do Amazonas, Rayanne passou um ano na equipe do UNFPA trabalhando diretamente com as questões de juventude e direitos. “Acredito que esta iniciativa possa ser utilizada como uma boa prática para outros escritórios das Nações Unidas ampliarem as suas redes de influência e o impacto social”, avalia a jovem. Integrante da Rede de Juventude Indígena, ela chegou a escrever um capítulo de um livro para mostrar os desafios e as oportunidades que existem para a juventude indígena dentro dos variados cenários. “Dentro da escrita eu reforço o reconhecimento dessa oportunidade que o estágio afirmativo nos dá”, ressalta. 

O estágio é aberto para que jovens de todo o Brasil possam concorrer. A duração é de seis meses, e os jovens que apresentarem bom desempenho podem ter o estágio prorrogado por mais seis meses, até um ano. Para participar, basta manter atenção ao site do UNFPA Brasil