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Especialistas do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) estão percorrendo municípios do oeste paranaense para falar sobre temas relacionados à adolescência e diversidade por meio do projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência. No último encontro, nos dias 16 e 17 de outubro, profissionais da saúde, educação e assistência social estiveram em Cascavel e Corbélia. A visita faz parte das capacitações (divididas em seis módulos) que estão sendo realizadas em 51 municípios do estado. A iniciativa é uma parceria do UNFPA com a ITAIPU Binacional.

O projeto tem se destacado por reunir profissionais de diferentes áreas para trocarem experiências e informações sobre a realidade dos municípios vizinhos. Esse é o terceiro módulo do ciclo de capacitações e traz como tema “Adolescências e Diversidades”. Assuntos como discriminação, preconceito, bullying, violência, racismo e a pluralidade étnico-racial, estão entre os conteúdos tratados. A ideia é levar as informações para dentro da realidade de cada profissional por meio de uma nova abordagem e diferentes perspectivas de atuação. 

O professor de educação física, Ricardo Akkache Sequeira, considera os encontros importantes por ser um modelo que compartilha vivências e experiências e boas práticas na educação entre os municípios. Segundo o profissional, é uma oportunidade de construir uma nova visão para atuar com adolescentes. “Dentro da minha profissão, é muito importante eventos como esse que deixam um incentivo para continuar agindo no meu trabalho e para abordar assuntos como gravidez na adolescência.  Nosso corpo é nosso templo, é muito interessante poder trabalhar para adolescentes e despertar neles esse cuidado”, diz.


Foto: UNFPA Brasil/Bruno Saviotti

Para a analista técnica do projeto, Cíntia Cruz, o módulo tem como conteúdo a discussão de estratégias e ações voltadas para um trabalho em grupo e com base na proposta de ampliar a descoberta da experiência da sexualidade. “Esse módulo ajuda as pessoas a pensar para além da gravidez e outras questões, como, por exemplo, o racismo, na forma que afeta uma menina negra ao chegar até o posto de saúde e fazer com que ela entenda esse processo de descoberta como sendo natural. Assim como a menina indígena, perceber o que ela recebe por esses espaços e como acessa ao Centro de Referência à Assistência”, afirma.

 

Acolhimento

De acordo com a psicóloga e participante dos ciclos, Fabiana Marques, falta preparo para atuar com adolescentes, principalmente, no acolhimento. “Acho que essas estratégias que temos traçados juntos nas capacitações nos proporciona encontrar soluções. Entendemos muito da teoria, mas na prática precisamos de outras ideias. Isso é muito rico, cada profissional tem um olhar diferente e isso complementa o debate. Muitas vezes em casa é difícil os pais ensinarem isso, difícil tratar desse assunto por conta da intimidade”, destaca. Para ela, o julgamento e a falta de acolhimentos são assuntos que recebem as maiores queixas e demandas da escola. “Costumo dizer que os mais velhos nunca foram adolescentes, há uma dificuldade em lidar e falar desses temas, ainda é um tabu. Então, por conta dessa dificuldade, falta esse acolhimento e acabam se sentindo muito julgados e costumam sofrer. O julgamento costuma vir antes da orientação e acaba aparecendo essas diversas questões abordadas nas capacitações, como a gravidez na adolescência, uso de álcool e de drogas e o suicídio”, explica.


Profissionais da saúde, educação e assistência social dos municípios de Cascavel e Corbélia (PR) participaram da capacitação sobre adolescência e diversidade (Foto: UNFPA Brasil/Bruno Saviotti)

A professora Nely Maria Ost, atua na educação do estado, há 46 anos, e considera os temas debatidos nas capacitações necessários para ampliar as conversas nas escolas.  “Um evento como esse vem para acanhar no momento exato em que precisamos buscar esses amparos, unir todas as entidades do estado para que a gente consiga reconstruir uma base para que adolescentes daqui alguns anos possam ter segurança e eduquem seus filhos para uma nova geração”, afirma.    

Para a pedagoga Antônia Aparecida Nunes, a experiência nos encontros possibilita a troca com outras realidades e por meio dos debates consegue novas experiências para poder levar para outros municípios. “É impossível estar em um lugar que está passando informação e não ganhar conhecimento. Os temas abordados nas capacitações estão dentro do nosso município, no meu caso estão dentro da escola, que é a minha realidade de trabalhar com o que eles têm. E os problemas que temos no município, são os mesmos que temos na nossa escola. Um tema importante é a diversidade, por ser um assunto que está se falando há bastante tempo, porém, é novo e tem uma ênfase nova com vários ângulos, como a discriminação e o bullying. E em relação à sexualidade, falta debater tudo, pois, é um assunto com muito tabu”, ressalta.  

 

Sobre o projeto

Iniciado em 2018, o projeto Prevenção e Redução da Gravidez Não Intencional na Adolescência nos Municípios do Oeste do Paraná prevê ações em Saúde, Educação, Gestão do Conhecimento e Comunicação. As ações têm foco no desenvolvimento socioeconômico, criando e ampliando oportunidades para que adolescentes e jovens ajudem na construção de serviços acolhedores de saúde e também tenham garantidas condições de ampliar suas habilidades para a vida e competências socioemocionais Entre as principais ações estão: fortalecer a informação e educação, ampliar a acessibilidade e qualidade da atenção nos serviços de saúde, gerar conhecimento e evidências para melhorar as práticas e embasar políticas pública e comunicar de maneira simples e eficiente.