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A realização de Censos populacionais com coleta eletrônica de dados é uma das tecnologias sociais de sucesso que o Brasil compartilha com os seus parceiros do Sul. Além da significativa economia de recursos financeiros e contribuição para o meio ambiente, pela não utilização de papel, a realização de Censos eletrônicos permite, por exemplo, o acesso às informações coletadas, muito mais rapidamente, de forma a permitir ações mais efetivas e fundamentadas para o desenho de políticas públicas.
 
No âmbito da iniciativa de Cooperação Sul-Sul Trilateral "Centros de Referência em Censos com Coleta Eletrônica de Dados", teve início nesta segunda-feira (13), no Senegal, o primeiro ciclo de capacitações previsto no projeto. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com os institutos de estatística do Senegal "Agência Nacional de Estatística e Demografia do Senegal (ANSD)" e de Cabo Verde "Instituto Nacional de Estatística (INECV)".
 
Na semana seguinte, o mesmo acontecerá em Cabo Verde. No total, cerca de 25 técnicos senegaleses e 24 cabo-verdianos assistirão às palestras ministradas pelos 11 especialistas do IBGE que se deslocaram ao Continente africano para participarem do projeto.
 
Com duração de duas semanas, em cada país, as atividades formativas têm o objetivo de contribuir para a criação de Centros de Referência em coleta eletrônica de dados, no Senegal e em Cabo Verde, de modo que os mesmos possam replicar o conhecimento adquirido com outras nações do Continente. Ambos já realizaram coletas censitárias eletrônicas, como ocorreu no Brasil durante o Censo de 2010, mas alguns desafios ainda precisam ser ultrapassados para que os mesmos possam acontecer de forma 100% eletrônica.
 
No Senegal, durante a sessão de abertura das formações, o Presidente da ANSD, Sr. Babacar Ndir, agradeceu ao Brasil pela confiança depositada em seu país, enquanto parceiro deste projeto, para que o mesmo seja um dos replicadores desta tecnologia social na África.
 
“Queremos melhorar as nossas técnicas de coleta eletrônica de dados, para ampliarmos a nossa capacidade regional de compartilhamento deste conhecimento, para que cada país possa adequar à sua realidade. Desta forma, poderemos também produzir dados estatísticos de qualidade, para o desenvolvimento de políticas públicas mais assertivas e fundamentadas”, afirmou o senhor Ndir.
 
Ao final da cerimônia de abertura, a imprensa local, que cobria o evento, entrevistou o presidente da ANSD e a representante da ABC. Uma reportagem especial sobre o projeto foi transmitida, na mesma noite, em canal televisivo senegalês.
 
Entre 13 a 24 de novembro, no Senegal; e 20 de novembro a 1º de dezembro, em Cabo Verde, decorrerá o primeiro ciclo das atividades formativas. Para além de uma sessão introdutória sobre Cooperação Sul-Sul, realizada pela ABC no primeiro dia, os módulos temáticos procurarão abordar todas as etapas necessárias para a realização de censos com coleta eletrônica de dados.
 
Os dois primeiros dias das capacitações demonstraram que a troca de experiências será bastante rica. Durante os três primeiros módulos, já apresentados, diversas perguntas foram colocadas pelos técnicos senegaleses participantes, e esclarecidas pelos seus homólogos do IBGE.
 
Questões sobre o planejamento atentado de todas as etapas necessárias para realização de censos de qualidade; treinamento prévio dos recenseadores; contratação de pessoal; a identificação de quais softwares utilizar para realização do mapeamento do território; a atualização de bancos de dados existentes, entre outras, estiveram entre os principais temas das perguntas, nestes primeiros dias.
 
Entre os temas abordados durante as duas semanas de formação, constam: a) Formação de pessoal para censo com coleta eletrônica; b) Mapeamento censitário aplicado à coleta eletrônica; c) Infraestrutura tecnológica: metodologia para uso de coleta eletrônica de dados; d) Questionário eletrônico, acompanhamento e controle; e) Sensibilização da sociedade; e f) Disseminação de dados.
 
O projeto tem grande potencial para fortalecer as ações que já vêm acontecendo no âmbito do levantamento eletrônico de dados, e que serão utilizados no monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, na região, assim como das metas previstas na Agenda 2063 da União Africana, “A África que Queremos”.
 
A partir de um melhor levantamento de dados estatísticos, constrói-se a base para melhor elaboração e acompanhamento de políticas públicas nos países. O projeto procura construir esta plataforma para a troca de experiências e para a construção conjunta de abordagens inovadoras que permitirão aos centros de estatística africanos desenvolverem os próximos censos no Continente, que serão realizadas à partir de 2020, utilizando a coleta eletrônica de dados.